2022-03-04
Tecnologia e as PEA
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As dificuldades ao nível da comunicação são uma das caraterísticas da Perturbação do Espetro do Autismo (PEA), tanto no que diz respeito à compreensão quanto à própria expressão. Muitos dos comportamentos disruptivos visíveis na PEA (ex. bater, morder, gritar, chorar) têm que ver com problemas não só relacionados com a regulação comportamental e emocional, como também ao nível da comunicação.
Baseado em problemas comunicacionais, Eric Schopler desenvolveu na Universidade da Carolina do Norte, EUA, anos 70, um modelo educacional e clínico - TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children = Tratamento e Educação para Autistas e crianças com Défices Relacionados com a Comunicação.
1. O que pensam as crianças?
“O que vou fazer?”, “Onde vou fazer?”, “Como vou fazer?”, “O que vou fazer a seguir?” – são questões colocadas pelas crianças a si mesmas.
Este método baseia-se no facto de crianças com PEA, geralmente, aprenderem com mais facilidade através do processamento visual. Assim, o mesmo assenta em 3 princípios, a organização, a estruturação e a previsibilidade e 5 tipos de estruturas a estrutura física, o horário de atividades, o plano de trabalho individual, as estruturas visuais e as rotinas.
2. Porquê usar o Modelo TEACCH?
Porque promove o desenvolvimento da criança com PEA, tendo em vista o alcance do máximo de autonomia ao longo da vida. A organização interna melhora o desempenho e capacidade adaptativa facilitando os processos de aprendizagem da criança.
3. É um Modelo eficaz?
O Modelo tem se mostrado eficaz no aperfeiçoamento de competências sociais e de comunicação, na redução de comportamentos disruptivos, no nível de qualidade de vida e na redução da ansiedade, promovendo a sua autoconfiança e independência.
4. O uso de estruturas visuais torna a criança dependente deles, prejudicando a fala?
Não! O uso de estruturas visuais não faz com que a criança verbalize menos. Estas são uma ferramenta/alternativa a ser usada enquanto a criança ainda não se expressa verbalmente. No decorrer do processo terapêutico a equipa transdisciplinar que acompanha a criança avalia se as estratégias e materiais usados podem ser retirados gradualmente.
5. E em Portugal?
O ensino estruturado tem sido uma opção do Ministério da Educação para o ensino das crianças com Perturbação do Espetro do Autismo (PEA). Ao longo dos anos têm sido criadas várias salas de “Unidade de Ensino Estruturado”, atualmente referidas como “Centros de Apoio à Aprendizagem”, segundo o funcionamento da metodologia TEACCH, em escolas do ensino regular direcionadas a crianças com Necessidades Educativas Especiais. O Decreto-Lei nº3/2008 veio assegurar o direito das crianças com NEE e favorecer o aparecimento de salas desta metodologia.