2022-12-12

Psicologia

Luto Infantojuvenil

O luto ainda é um tema tabu. É um processo natural que decorre da perda de alguém ou de algo significativo (por exemplo, a morte de um ente querido ou de um animal de estimação, um divórcio/separação, um diagnóstico de doença/perturbação).

 

É um processo individual, abstrato, complexo e dinâmico. Tal como os adultos, as crianças também experienciam o luto. Cada criança é única e, por isso, as reações à perda podem ser inúmeras: choque, surpresa, isolamento, tristeza, retrocessos no desenvolvimento, culpa, desconforto físico, ansiedade, insónia, pesadelo, perda de apetite, medo, angústia de separação, diminuição do rendimento escolar, entre outros.

 

A perceção sobre a morte é influenciada por múltiplos fatores: personalidade, idade, estádio de desenvolvimento, cultura, entre outros. Crianças com menos de 3 anos, tipicamente não compreendem a existência permanente de um objeto, independentemente da perceção sensorial sobre ele. Apesar de crianças desta idade reagirem à ausência de um cuidador, não compreendem o conceito de morte. Crianças entre os 3 e os 6 anos, encaram a morte como temporária e reversível. Crianças desta idade acreditam que, por exemplo, as pessoas podem morrer e voltar à vida como num conto de fadas. Crianças entre os 7 e os 10 anos, começam a considerar a morte como definitiva e atribuem-lhe causas concretas, como a doença ou o acidente. É comum questionarem os outros sobre a morte. A partir dos 11 anos, as crianças compreendem que a morte é permanente e irreversível, começam a perspetivá-la como parte do ciclo normal da vida.

 

Como reagir com o meu filho(a) perante a morte ou perda de algo significativo?

Não é aconselhável que se recorra à mentira ou omissão para explicar a morte. Quando a morte é ocultada, os sentimentos não são expressos e é negada a oportunidade de conversar e partilhar sentimentos e pensamentos, o que impede o luto bem-sucedido. É sempre preferível um diálogo honesto, ajustado ao nível de compreensão da criança.

 

A intervenção psicológica é fundamental nestas situações, para que as crianças/adolescentes consigam encontrar estratégias de regulação emocional e comportamental ajustadas à perda pela qual está a passar.

 

Sugestões de Leitura:

Para ADULTOS:

"As crianças, a morte e o luto: Manual prático para adultos", Ana Santos.

 

Para CRIANÇAS:

"O Passeio", Pablo Lugones;

"O livro do Adeus", Todd Parr;

"O Coração e a Garrafa", Oliver Jeffers;

"Harvey: Como me tornei invisível", Hervé Bouchard;

"A morte explicada aos mais novos", Manuel Mendes Silva;

"O Pato, a Morte e a Tulipa", Wolf Erlbruch.

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